Os desafios da industria para a inovacao
Os desafios da indústria para a inovação
Jorge Purgly
Consultor e docente do Núcleo de Gestão Empresarial
Senai Blumenau
04 de Maio de 2012
Estimado leitor, fui desafiado a falar sobre os desafios da indústria para a inovação para este seleto auditório de modo impactante e que contivesse uma mensagem significativa, o que me deixou muito honrado e pensativo sobre o conteúdo que deveria transmitir.
Lembrei do exemplo do meu pai, Johann Purgly.
Meu pai imigrante húngaro, chegou ao Brasil em São Paulo, capital, em 1949 com apenas 10 dolares no bolso, esposa e uma filha pequena, a minha irmã, nascida 15 anos antes de mim. Ela na Hungria e eu no Brasil em 1956.
Meu pai sempre foi empresário, desde que chegou ao Brasil e mesmo antes como plantador de arroz na Hungria. Em 1947 ele bateu o recorde mundial de produção de arroz por hectare, com uma produção de cerca de metade da atualmente obtida pelos cultivadores de arroz de Massaranduba, SC.
Logo ao chegar ao Brasil ele construiu um tear manual de madeira e começou a produzir conjuntos americanos que eram diligentemente vendidos pela minha mãe nas lojas e comércio de São Paulo, e ainda, posteriormente, junto a magazines famosos como a Sears Roebuch e a Casa Lemke.
Fui o primeiro húngaro empresário a ter automóvel e construiu a tecelagem Dora, fabricante de tecido plano jackard, em homenagem à minha mãe, em Guarulhos, São Paulo em 1956.
Em 1964 meu pai quebrou. A tecelagem faliu por falta de encomendas e as maquinas jackard semi-novas tiveram que ser vendidas como sucata aos comerciantes de maquinas usadas da Rua Piratininga na cidade de São Paulo, SP.
Na época, eu contava com 8 anos de idade e me lembro como meu pai indenizou um a um todos os empregados da fábrica e encerrou as atividades da mesma.
Fomos morar na casa da garagem enquanto meu pai alugou nossa casa própria para poder garantir o nosso sustento.
Foi um difícil recomeço. Meu pai decidiu fazer uma tornearia em madeira, produzindo peças de lustres em jacarandá da Bahia, cerejeira e outras madeiras nobres, construindo sua clientela principalmente nas lojas da Rua da Consolação em São Paulo.
Assim, cresci entre fios na minha primeira infância e entre madeiras e serragem na minha adolescência.
Me orgulho do meu pai e da minha mãe que sempre foram pessoas íntegras e honradas, mantendo sempre digno nosso nome de família e nossa origem na Hungria, bem como nossa nova pátria, o Brasil.
Aos 10 anos de idade participei com o meu pai e a minha mãe de um programa na TV Cultura da época chamado Inventos da Atualidade, onde o condutor do programa era o pai da atual artista Cristiane Torloni.
Meu pai apresentou 3 inventos inovadores na época em busca de um investidor interessado em produção em larga escala mas este investidor jamais apareceu.
Então me sinto à vontade em falar sobre os desafios da Industria para a inovação, pois estes desafios fizeram parte da minha vida.
Por orientação dos meus pais e por vocação, fiz engenharia elétrica e trabalhei muitos anos na Ericsson e Siemens, empresa onde aprendi muito sobre empreendedorismo, intraempreendedorismo, gestão e inovação.
Recentemente o Senai lançou o programa Realizadores.
Realizadores abordam histórias bem sucedidas de gente que como nós, contribui diariamente para a melhoria da indústria e que tem o Senai como uma referência em educação profissional.
Meu pai sempre buscou o Senai de Guarulhos para obter mão de obra digna e qualificada. Meu pai sempre me recomendou o estudo no Senai.
Posso assegurar que Johann Purgly, o meu pai, falecido aos 80 anos de idade teve uma história de sucesso e que o Senai fez parte desta história.
Minha mãe, saudável e lúcida tem hoje 92 anos de idade. Ela mora em São Paulo, na Avenida Heitor Penteado, e joga xadrez muito bem até hoje. Todos os domingos ligo para ela e converso em húngaro.
Quando pequeno ela me dizia que mais de uma dúzia de húngaros haviam ganho um premio Nobel em várias áreas do conhecimento, citando em especial o descobridor da vitamina C, premio Nobel de Medicina em 1934, Albert Szent Gyorgyi. Isto é extraordinário para um país com menos de 10 milhões de habitantes. (O Estado de Santa Catarina, segundo projeções do Senso do IBGE tem cerca de 6 milhões de habitantes em 2012).
É emocionante relembrar os vencedores do prêmio Nobel de origem húngara. Neste relato histórico está refletida a dramática lição do século XX, o século das maiores atrocidades da historia da humanidade: os avanços técnicos-cientificos devem vir acompanhados do progresso moral e humano. Há mais de meio século, em seu pronunciamento na entrega do Prêmio Nobel em 1937, Albert Szent-Györgyi destacou a necessidade dessa relação e finalizou seu discurso com uma mensagem final atendo-se ao espírito de Alfred Nobel e fazendo a ligação entre as ciências e o humanismo:
“A finalidade das minhas pesquisas e da bioquímica moderna em geral é compreender o funcionamento do organismo. Uma vez que consigamos entender a função do organismo, então começará uma época totalmente nova nas ciências médicas. Podemos observar que até alcançarmos essa meta ainda distante, as pesquisas tampouco serão infrutíferas, já que até o momento foram descobertas várias substâncias onde depositamos nossas esperanças, a mais ainda por sabermos que poderemos utilizá-las para aliviar o sofrimento humano.”
“Além disso, minhas pesquisas possuem outro aspecto que me enche de orgulho. Não se trata do resultado obtido, mas o que me traz infinita alegria ao relembrar minhas pesquisas é que elas, do começo ao fim, foram possíveis graças à grande fraternidade cientifica internacional, a cooperação cientifica e a solidariedade humana, onde sem as quais eu mesmo teria desistido ou não conseguiria produzir nenhum resultado. É emocionante saber que nesse mundo de hoje tão agitado e cheio de ódio, na ciência predomina este espírito de fraternidade e solidariedade humana. Não me resta nada além de desejar que algum dia este espírito se expanda e alcance outras fronteiras além da ciência, conduzindo assim toda a humanidade a um futuro melhor do que o atual”.
Relação de Hungaros vencedores do Premio Nobel
1 Philipp Edward Anton Lenard 1862-1947 Fisica
1904 Raios Catódicos
2 Robert Bárány
1876-1936 Medicina 1914 Labirinto Auditivo
3 Richard Zsigmondy 1865-1929 Quimica
1925 Soluções coloidais
4 Albert Szent Gyorgyi 1893-1986 Medicina
1934 Descoberta Vitamina C
5 Georg Hevesy 1885-1966 Quimica
1943 Aplicação de Isótopos
6 Georg Békesy Medicina
1961 Funcionamento do ouvido
7 Eugene P. Wigner Fisica
1963 Núcleos atomicos
8 Denis Gábor Fisica
1961 Holografia
9 John C. Polányi Quimica
1986 Processos Quimicos
10 Elie Wiesel Da Paz
1986 Sobrevivente do Holocausto
11 Georg A. Olah Quimica
1994 Carbo catiônica
12 John C. Harsányi Economia
1994 Teoria dos Jogos Cooperativos
Item Ganhador Nobel Obs. Prêmio Motivo
Jorge Purgly
Consultor e docente do Núcleo de Gestão Empresarial
Senai Blumenau
04 de Maio de 2012
Estimado leitor, fui desafiado a falar sobre os desafios da indústria para a inovação para este seleto auditório de modo impactante e que contivesse uma mensagem significativa, o que me deixou muito honrado e pensativo sobre o conteúdo que deveria transmitir.
Lembrei do exemplo do meu pai, Johann Purgly.
Meu pai imigrante húngaro, chegou ao Brasil em São Paulo, capital, em 1949 com apenas 10 dolares no bolso, esposa e uma filha pequena, a minha irmã, nascida 15 anos antes de mim. Ela na Hungria e eu no Brasil em 1956.
Meu pai sempre foi empresário, desde que chegou ao Brasil e mesmo antes como plantador de arroz na Hungria. Em 1947 ele bateu o recorde mundial de produção de arroz por hectare, com uma produção de cerca de metade da atualmente obtida pelos cultivadores de arroz de Massaranduba, SC.
Logo ao chegar ao Brasil ele construiu um tear manual de madeira e começou a produzir conjuntos americanos que eram diligentemente vendidos pela minha mãe nas lojas e comércio de São Paulo, e ainda, posteriormente, junto a magazines famosos como a Sears Roebuch e a Casa Lemke.
Fui o primeiro húngaro empresário a ter automóvel e construiu a tecelagem Dora, fabricante de tecido plano jackard, em homenagem à minha mãe, em Guarulhos, São Paulo em 1956.
Em 1964 meu pai quebrou. A tecelagem faliu por falta de encomendas e as maquinas jackard semi-novas tiveram que ser vendidas como sucata aos comerciantes de maquinas usadas da Rua Piratininga na cidade de São Paulo, SP.
Na época, eu contava com 8 anos de idade e me lembro como meu pai indenizou um a um todos os empregados da fábrica e encerrou as atividades da mesma.
Fomos morar na casa da garagem enquanto meu pai alugou nossa casa própria para poder garantir o nosso sustento.
Foi um difícil recomeço. Meu pai decidiu fazer uma tornearia em madeira, produzindo peças de lustres em jacarandá da Bahia, cerejeira e outras madeiras nobres, construindo sua clientela principalmente nas lojas da Rua da Consolação em São Paulo.
Assim, cresci entre fios na minha primeira infância e entre madeiras e serragem na minha adolescência.
Me orgulho do meu pai e da minha mãe que sempre foram pessoas íntegras e honradas, mantendo sempre digno nosso nome de família e nossa origem na Hungria, bem como nossa nova pátria, o Brasil.
Aos 10 anos de idade participei com o meu pai e a minha mãe de um programa na TV Cultura da época chamado Inventos da Atualidade, onde o condutor do programa era o pai da atual artista Cristiane Torloni.
Meu pai apresentou 3 inventos inovadores na época em busca de um investidor interessado em produção em larga escala mas este investidor jamais apareceu.
Então me sinto à vontade em falar sobre os desafios da Industria para a inovação, pois estes desafios fizeram parte da minha vida.
Por orientação dos meus pais e por vocação, fiz engenharia elétrica e trabalhei muitos anos na Ericsson e Siemens, empresa onde aprendi muito sobre empreendedorismo, intraempreendedorismo, gestão e inovação.
Recentemente o Senai lançou o programa Realizadores.
Realizadores abordam histórias bem sucedidas de gente que como nós, contribui diariamente para a melhoria da indústria e que tem o Senai como uma referência em educação profissional.
Meu pai sempre buscou o Senai de Guarulhos para obter mão de obra digna e qualificada. Meu pai sempre me recomendou o estudo no Senai.
Posso assegurar que Johann Purgly, o meu pai, falecido aos 80 anos de idade teve uma história de sucesso e que o Senai fez parte desta história.
Minha mãe, saudável e lúcida tem hoje 92 anos de idade. Ela mora em São Paulo, na Avenida Heitor Penteado, e joga xadrez muito bem até hoje. Todos os domingos ligo para ela e converso em húngaro.
Quando pequeno ela me dizia que mais de uma dúzia de húngaros haviam ganho um premio Nobel em várias áreas do conhecimento, citando em especial o descobridor da vitamina C, premio Nobel de Medicina em 1934, Albert Szent Gyorgyi. Isto é extraordinário para um país com menos de 10 milhões de habitantes. (O Estado de Santa Catarina, segundo projeções do Senso do IBGE tem cerca de 6 milhões de habitantes em 2012).
É emocionante relembrar os vencedores do prêmio Nobel de origem húngara. Neste relato histórico está refletida a dramática lição do século XX, o século das maiores atrocidades da historia da humanidade: os avanços técnicos-cientificos devem vir acompanhados do progresso moral e humano. Há mais de meio século, em seu pronunciamento na entrega do Prêmio Nobel em 1937, Albert Szent-Györgyi destacou a necessidade dessa relação e finalizou seu discurso com uma mensagem final atendo-se ao espírito de Alfred Nobel e fazendo a ligação entre as ciências e o humanismo:
“A finalidade das minhas pesquisas e da bioquímica moderna em geral é compreender o funcionamento do organismo. Uma vez que consigamos entender a função do organismo, então começará uma época totalmente nova nas ciências médicas. Podemos observar que até alcançarmos essa meta ainda distante, as pesquisas tampouco serão infrutíferas, já que até o momento foram descobertas várias substâncias onde depositamos nossas esperanças, a mais ainda por sabermos que poderemos utilizá-las para aliviar o sofrimento humano.”
“Além disso, minhas pesquisas possuem outro aspecto que me enche de orgulho. Não se trata do resultado obtido, mas o que me traz infinita alegria ao relembrar minhas pesquisas é que elas, do começo ao fim, foram possíveis graças à grande fraternidade cientifica internacional, a cooperação cientifica e a solidariedade humana, onde sem as quais eu mesmo teria desistido ou não conseguiria produzir nenhum resultado. É emocionante saber que nesse mundo de hoje tão agitado e cheio de ódio, na ciência predomina este espírito de fraternidade e solidariedade humana. Não me resta nada além de desejar que algum dia este espírito se expanda e alcance outras fronteiras além da ciência, conduzindo assim toda a humanidade a um futuro melhor do que o atual”.
Relação de Hungaros vencedores do Premio Nobel
1 Philipp Edward Anton Lenard 1862-1947 Fisica
1904 Raios Catódicos
2 Robert Bárány
1876-1936 Medicina 1914 Labirinto Auditivo
3 Richard Zsigmondy 1865-1929 Quimica
1925 Soluções coloidais
4 Albert Szent Gyorgyi 1893-1986 Medicina
1934 Descoberta Vitamina C
5 Georg Hevesy 1885-1966 Quimica
1943 Aplicação de Isótopos
6 Georg Békesy Medicina
1961 Funcionamento do ouvido
7 Eugene P. Wigner Fisica
1963 Núcleos atomicos
8 Denis Gábor Fisica
1961 Holografia
9 John C. Polányi Quimica
1986 Processos Quimicos
10 Elie Wiesel Da Paz
1986 Sobrevivente do Holocausto
11 Georg A. Olah Quimica
1994 Carbo catiônica
12 John C. Harsányi Economia
1994 Teoria dos Jogos Cooperativos
Item Ganhador Nobel Obs. Prêmio Motivo
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