Capítulo 37: A Coleção que Ninguém Vê

Capítulo 37: A Coleção que Ninguém Vê
Capítulo 37: A Coleção que Ninguém Vê dezembro 11, 2025 Falei muito sobre minhas coleções visíveis: os selos coloridos da Magyar Posta , os componentes eletrônicos da minha época de engenharia, e até as plantas na minha estufa. Mas, chegando aos 69 anos, percebo que minha coleção mais valiosa é aquela que não cabe em nenhum álbum e que o algoritmo do banco não consegue escanear. É a "Coleção que Ninguém Vê". Eu coleciono o brilho no olho da criança quando puxa minha barba e descobre que é de verdade. Coleciono o alívio no rosto de um paciente do TFD quando consigo resolver um transporte difícil. Coleciono os momentos de silêncio cúmplice com a Tininha nas madrugadas de insônia. Coleciono também os sons: o barulho da máquina de telex , o riso dos meus filhos Jorge e Daniel correndo pela casa em Guarulhos , e até o latido da Natalia e da B.B.. Essa coleção não tem valor de mercado. Não posso deixá-la de herança em um testamento cartorial, e nenhum museu teria interesse nela. Mas ela é o verdadeiro patrimônio do "Eu". Enquanto os selos podem desbotar e as tecnologias se tornam obsoletas (quem ainda usa Telex?), esses momentos permanecem nítidos, guardados na nuvem mais segura que existe: a memória do coração. É com essa coleção invisível, mas pesada de significado, que me preparo para entrar na próxima fase desta narrativa: o momento em que o "Eu" virou "Nós".

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