Minhas Crônicas Biográficas - O dia em que resolvi ser Papai Noel
Ato 1 capítulo 2 O dia em que resolvi ser Papai Noel
Não foi uma decisão que tomei numa terça-feira qualquer, sentado no sofá. Foi algo que a vida, aos poucos, desenhou no meu rosto. Literalmente.
Durante anos, cultivei minha barba. No começo, ela era apenas um traço de estilo, uma preferência pessoal. Mas o tempo, esse escultor implacável, começou a pintá-la com fios de prata. E depois, de neve. Quando me dei conta, eu não era mais apenas o Jorge; eu era um homem que carregava no queixo a característica mais icônica do imaginário infantil.
O "clique" aconteceu em 2017. Eu caminhava pela rua, cuidando da minha vida, quando percebi os olhares. Não eram olhares de julgamento, mas de encanto. Crianças cutucavam as mães, sussurrando, olhos arregalados, apontando discretamente (ou nem tanto) para mim.
— "Mãe, olha lá... é ele!"
Eu poderia ter feito a barba. Poderia ter cortado rente, pintado, escondido a idade. Mas, ao olhar no espelho, vi algo além dos pelos brancos. Vi a oportunidade de trazer um tipo de alegria que o mundo anda precisando desesperadamente.
Pensei: "Se eu já tenho a cara, a barba e a barriga (vamos ser honestos), por que não ter também o coração?"
Naquele ano, resolvi não brigar com a imagem. Abracei o personagem. Mas não queria ser um Papai Noel de shopping que mal fala "Ho Ho Ho" e olha para o relógio. Eu queria ser o Papai Noel de verdade. Aquele que conversa, que ouve, que entende a responsabilidade de manter viva uma lenda.
Foi assim que nasceu o Papai Noel Jorge, minha primeira grande incursão. Não foi apenas vestir uma roupa quente num país tropical; foi vestir uma missão.
Lembro-me da primeira vez que vesti o traje completo. O calor era sufocante, mas a sensação de ver o brilho no olho de uma criança — aquele brilho puro, de quem acredita que a magia existe e está ali, parada na frente dela — fez o calor desaparecer.
Naquele dia, deixei de ser apenas um aposentado, um ex-engenheiro ou um servidor público. Eu me tornei um guardião de sonhos. E, convenhamos, é um cargo muito mais divertido do que qualquer outro que já ocupei.
Comentário para a postagem (Sugestão):
"Esta é a crônica da origem. O momento em que a natureza e o destino se encontraram no espelho. A imagem captura perfeitamente essa transição: o homem comum, Jorge, olhando sua barba natural, enquanto o gorro vermelho espera pacientemente ao lado. Foi o dia em que decidi que, se o mundo via um Papai Noel em mim, eu honraria essa visão com todo o coração."

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