Pestalozzi, Froebel e Rivail Foco nas criancas

Pestalozzi, Froebel e Rivail, foco nas crianças

Estimado leitor, o renomado Pestalozzi, educador suiço teve entre seus discípulos Froebel e Denizard Rivail.
Aqui abordamos um pouco da história destes autores.

Johann Heinrich Pestalozzi
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Johann_Heinrich_Pestalozzi


Johann Heinrich Pestalozzi

Johann Heinrich Pestalozzi (Zurique, 12 de janeiro de 1746Brugg, 17 de fevereiro de1827) foi um pedagogo suíço e educador pioneiro da reforma educacional.

Índice
1 Biografia
1.1 O horror da guerra: nasce o "Método Pestalozzi"
1.2 A Escola
2 Legado
3 A teoria dos três estados de desenvolvimento moral
4 Ver também
5 Ligações externas

Biografia

Seu pai morreu quando ainda era criança, foi criado pela mãe, sua família empobreceu. As dificuldades para sobreviver fortaleceram sua alma ainda na infância. Ele conheceu de perto o preconceito social e teve de lutar muito para se tornar conhecido numa sociedade dividida entre nobres e plebeus e entre ricos e pobres. Durante esse período recebeu orientação religiosa protestante, mas considerava-se sempre um cristão, sem defender qualquer religião.

Após a leitura do Emílio, de Rousseau, Pestalozzi foi influenciado pelo movimento naturalista e tornou-se um revolucionário, juntando-se aos que criticavam a situação política do país.

Na Universidade de Zurique associa-se ao poeta Lavater num grupo de reformistas. Gastou parte de sua juventude nas lutas políticas mas, em 1781, com a morte do amigo e político Bluntschli, abandonou o partido para dedicar-se à causa da educação.

Casou-se aos 23 anos e comprou um pedaço de terra onde intentou o cultivo de ruiva (Rubia tinctorum – planta herbácea de onde se pretendia tirar um corante) mas, não sendo agricultor, fracassou.

Por este tempo havia feito de sua casa na fazenda uma escola. Escreveu "As Horas Noturnas de um Ermitão" (Die Abendstunde eines Einsiedlers – 1780), contendo uma coleção de pensamentos e reflexões. A este livro seguiu-se sua obra-prima: Leonardo e Gertrudes("Leonard und Gertrud" – 1781), um conto onde narra a reforma gradual feita primeiro numa casa, depois numa aldeia, frutos dos esforços de uma mulher boa e dedicada. A obra foi um sucesso na Alemanha, e Pestalozzi saiu do anonimato

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O horror da guerra: nasce o "Método Pestalozzi"

A invasão francesa da Suíça em 1798 revelou-lhe um caráter verdadeiramente heróico. Muitas crianças vagavam no Cantão de Unterwalden, às margens do Lago de Lucerna, sem pais, casa, comida ou abrigo. Pestalozzi reuniu muitos deles num convento abandonado, e gastou suas energias educando-os. Durante o inverno cuidava delas pessoalmente com extremada devoção mas, em junho de 1799, o edifício foi requisitado pelo invasor francês para instalar ali um hospital, e seus esforços foram perdidos.

Pestalozzi com órfãos em Stans

Em 1801 Pestalozzi concentrou suas idéias sobre educação num livro intitulado "Como Gertrudes ensina suas crianças" (Wie Gertrude Ihre Kinder Lehrt). Ali expõe seu métodopedagógico, de partir do mais fácil e simples, para o mais difícil e complexo. Continuava daí, medindo, pintando, escrevendo e contando, e assim por diante.

Em 1799 obteve permissão para manter uma escola em Burgdorf, onde permaneceu trabalhando até 1804. Em 1802 foi como deputado a Paris, e fez de tudo para fazer com que Napoleão se interessasse em criar um sistema nacional de educação primária; mas o conquistador disse-lhe que não podia perder tempo com o alfabeto.

A Escola

Em 1805 ele mudou-se para Yverdon, no Lago Neuchâtel, e por vinte anos dedicou-se ao seu trabalho continuamente. Ali era visitado por todos que se interessavam pela educação, como Talleyrand, d'Istria de Capo, e Mme. de Staël. Foi elogiado por Humboldt e por Fichte. Dentre seus discípulos incluem-se Denizard Rivail (Allan Kardec), Ramsauer, Delbrück, Blochmann, Carl Ritter, Froebel e Zeller.

Por volta de 1815 dissensões surgiram entre os professores de sua escola, e os últimos 10 anos de seu trabalho foram marcados por cansaço e tristeza. Em 1825 ele se aposentou em Neuhof. Escreveu suas memórias e seu último trabalho, "O canto do cisne", vindo a morrer em Brugg.

Legado

Pestalozzi e os órfãos de Stans

Como ele próprio disse, o verdadeiro trabalho de sua vida não se deu em Burgdorf ou em Yverdon. Estava em seus primeiros momentos como educador, com a sua observação, a preparação do homem integral, a prática junto aos órfãos de Stans.

Pestalozzi foi um dos pioneiros da pedagogia moderna, influenciando profundamente todas as correntes educacionais, e longe está de deixar de ser uma referência. Fundou escolas, cativava a todos para a causa de uma educação capaz de atingir o povo, num tempo em que o ensino era privilégio exclusivo."A vida educa. Mas a vida que educa não é uma questão de palavras, e sim de ação. É atividade."Johann Heinrich Pestalozzi

Os trabalhos completos de Pestalozzi foram publicados em Stuttgart em 1819, 1826, e uma edição por Seyffarth apareceu em Berlim, em 1881.

A teoria dos três estados de desenvolvimento moral

Trechos extraídos do Livro Minhas indagações sobre a marcha da natureza no desenvolvimento da espécie humana escrito por Pestalozzi em 1797, (traduzido do original alemão Meine Nachforschungen über den Gang der Natur in der Entwicklung des Menschengeschlechts):

Estado natural

O homem nesse estado é filho puro do instinto, que o conduz simples e inocentemente para todos os gozos dos sentidos.Estado social

O homem como espécie, como povo não se submete ao poder como ser moral, nem tampouco entra na sociedade e na cidadania para servir a Deus ou amar ao próximo. Ele entra na sociedade e no estado de cidadania para tornar sua vida mais alegre e para gozar tudo o que seu ser animal e sensorial tem que gozar e para que seus dias sobre a terra transcorram satisfeitos e tranqüilos. O direito social não é assim um direito moral, mas apenas uma modificação do direito animal. ( …)

O poder só pode exigir de mim que eu seja um homem social. Ele não pode exigir que eu seja um homem moral. Se eu o sou, sou-o para mim e não para ele. O poder só pode exigir de mim que eu seja um homem moral na medida em que ele mesmo o seja, isto é, se ele não for poder, não se comportar como poder. Só pode exigir de mim, se ele viver a força de sua divindade, não para ser servido, mas para servir e dar a vida para a redenção de muitos. (…)

Simples satisfação é a cota do estado natural. Esperança é a cota do estado social. Não pode ser diferente: toda a estrutura da vida social repousa em representações que basicamente não existem – ela é uma representação. Propriedade, lucro, profissão, autoridade, leis são meios artificiais para satisfazerem minha natureza animal pela escassez de liberdade animal. (…)Estado moral

Se eu alcançar na minha condição e na profissão tudo o que eu posso alcançar, se minha felicidade está garantida pelo direito, em suma, se eu, no pleno sentido da palavra, for um cidadão e se a palavra de meu país, liberdade – liberdade –, soasse novamente na boca dos homens honestos e felizes, estaria eu então satisfeito no meu íntimo? Deveria pensar que sim, mas não é verdade (…), o direito social não me satisfaz, o estado social não me realiza, não posso permanecer tranqüilo sobre o fundamento da minha formação civil, como não posso permanecer no mero prazer sensual e animal – sou , em todo o caso, através dessa formação, emudecido; na minha alma entraram desconfiança, sinuosidade e intranqüilidade, que nenhum direito social pode desfazer. (…)

Se eu te declaro animal no envoltório do teu nascimento, não coloco o objetivo da tua perfeição nos limites do invólucro da tua origem. Vejo o interior do teu ser como divino, assim como o ser interior da minha natureza (…). Se o homem planta uma árvore ou uma flor, ele a enterra no solo, põe esterco na raiz e a cobre de terra. Mas o que ele faz com tudo isso ao ser íntimo da flor? O material, através do qual a semente se desenvolve, é em toda a natureza infinitamente de menor valor que a semente em si. (…)

Logo vi que as circunstâncias fazem o homem, mas vi também que o homem faz as circunstâncias, tem uma força em si mesmo que pode conduzir de várias maneiras, segundo sua vontade. (…)

Como obra da natureza, sinto-me livre no mundo para fazer o que me agrada e me sinto no direito de fazer o que me serve.

Como obra da espécie, sinto-me no mundo atado a relações e contratos, fazendo e suportando o que essas relações me prescrevem como dever.

Como obra de mim mesmo, sinto-me livre do egoísmo da minha natureza animal e das minhas relações sociais, e ao mesmo tempo no direito e no dever de fazer o que me santifica e o que santifica o meu ambiente.(…)

Como obra da natureza, sou um animal perfeito. Como obra de mim mesmo, esforço-me pela perfeição. Como obra da espécie, procuro me tranqüilizar num ponto sobre o qual a perfeição de mim mesmo não é possível.

A natureza fez a sua obra inteira, assim também faze a tua.

Reconhece-te a ti mesmo e constrói a obra do teu enobrecimento sobre a consciência profunda de tua natureza animal, mas também com a consciência completa da tua força interior de viver divinamente no meio dos laços da carne.

Quem quer que tu sejas, acharás nesse caminho um meio de trazer tua natureza em harmonia contigo mesmo. Queres porém fazer tua obra apenas pela metade, quando a natureza fez a dela inteira? Queres estacionar no degrau intermediário entre tua natureza animal e tua natureza moral, sobre o qual não é possível o acabamento de ti mesmo? – Então não te espantes de que serás um costureiro, um sapateiro, um amolador ou um príncipe, mas não serás um homem.

Não te espantes então de que tua vida seja uma luta sem vitória e que nem sequer te tornes o que a natureza, sem a tua ação, fez de ti – mas muito menos serás um meio-homem civil. (…)

O princípio de que o bem do homem e o direito do homem repousam inteiramente na subordinação das minhas exigências animais e sociais à minha vontade moral é outra maneira de dizer o resultado do meu livro.

Friedrich Fröbel - discípulo de Pestalozzi

Denizard Rivail - discípulo de Pestalozzi

Ligações externas
O Commons possui multimídias sobreJohann Heinrich Pestalozzi

O Wikiquote possui citações de ou sobre: Johann Heinrich Pestalozzi
Sociedade Pestalozzi de São Paulo
Associação Pestalozzi de Niterói

Friedrich Fröbel
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Fr%C3%B6bel


Friedrich Wilhelm August Fröbel

Friedrich Wilhelm August Fröbel (Oberweißbach, 21 de abril de 1782Schweina, 21 de junho de 1852) foi um pedagogo alemão com raízes na escola Pestalozzi. Foi o fundador do primeiro jardim de infância.

Princípios

Seu pai era um pastor protestante. Seus princípios filosófico-teológicos apontam um Fröbel (protestante) com um espírito profundamente religioso que desejava manifestar ao exterior o que lhe acontecia interiormente: sua união com Deus.

Esses princípios e sua crença determinaram alguns de seus postulados tais como:
o educando tem que ser tratado de acordo com sua dignidade de filho de Deus, dentro de um clima de compreensão e liberdade;
o educador é obrigado a respeitar o discípulo em toda sua integridade;
o educador deve manifestar-se como um guia experimentado e amigo fiel que exija e oriente com mão flexível mas firme. Não é somente um guia, mas também sujeito ativo da educação: dá e recebe, orienta mas deixa em liberdade, é firme mas concede;
o educador deve conhecer os diversos graus de desenvolvimento do homem para realizar sua tarefa com êxito, sendo três as fases de desenvolvimento, que vão desde quando o homem nasce até a adolescência.

Suas ideias reformularam a educação. A essência de sua pedagogia se centra nos princípios educacionais da atividade e da liberdade.

Trabalhou com Pestalozzi e, embora influenciado por ele, foi totalmente independente e crítico, formulando seus próprios princípios educacionais. Seus ideais educacionais foram considerados politicamente radicais e, durante alguns anos, foram banidos da Prússia.

Em 1837 Fröebel abriu o primeiro jardim de infância, onde as crianças eram consideradas como plantinhas de um jardim, do qual o professor seria o jardineiro. A criança se expressaria através das atividades de percepção sensorial, da linguagem e do brinquedo. A linguagem oral se associaria à natureza e à vida.

Frobel foi um defensor do desenvolvimento genético. Para ele o desenvolvimento ocorre segundo as seguintes etapas:
a infância
a meninice
a puberdade
a mocidade
a maturidade

Todas estas fases eram igualmente importantes. Observava portanto a gradação e a continuidade do desenvolvimento, bem como a unidade das fases de crescimento. Enfim, a educação da infância se realiza através de três tipos de operações:
a ação,
o jogo
o trabalho.

Fröebel foi o primeiro educador a enfatizar o brinquedo, a atividade lúdica, a apreender o significado da família nas relações humanas.

Idealizou recursos sistematizados para as crianças se expressarem: blocos de construção que eram utilizados pelas crianças em suas atividades criadoras, papel, papelão, argila e serragem. O desenho e as atividades que envolvem o movimento e os ritmos eram muito importantes. Para a criança se conhecer, o primeiro passo seria chamar a atenção para os membros de seu próprio corpo, para depois chegar aos movimentos das partes do corpo. Valorizava também a utilização de histórias, mitos, lendas, contos de fadas e fábulas, assim como as excursões e o contato com a natureza.

Fröebel afirma em sua obra A educação do homem (1826) que "a educação é o processo pelo qual o indivíduo desenvolve a condição humana autoconsciente, com todos os seus poderes funcionando completa e harmoniosamente, em relação à natureza e à sociedade. Além do mais, era o mesmo processo pelo qual a humanidade, como um todo, originariamente se elevara acima do plano animal e continuara a se desenvolver até a sua condição atual. Implica tanto a evolução individual quanto a universal".

Esse conceito de parte-todo foi um dos mais bem desenvolvidos por Fröbel. Cada objeto é parte de algo mais geral e é também uma unidade, se for considerado em relação a si mesmo. No campo das relações humanas, o indivíduo é, para ele, uma unidade, quando considerado em si mesmo, mas mantém uma relação com o todo, isto é, incorpora-se a outros homens para atingir certos objetivos.

Principais concepções educacionais
a educação deve basear-se na evolução natural das atividades da criança.
o objetivo do ensino é sempre extrair mais do homem do que colocar mais e mais dentro dele. A criança não deve ser iniciada em nenhum novo assunto enquanto não estiver madura para ele.
o verdadeiro desenvolvimento advém de atividades espontâneas.
na educação inicial da criança o brinquedo é um processo essencial.
os currículos das escolas devem basear-se nas atividades e interesses de cada fase da vida da criança.

A grande tarefa da educação consiste em ajudar o homem a conhecer a si próprio, a viver em paz com a natureza e em união com Deus. É o que ele chamou de educação integral. Sua concepção de ser humano era profundamente religiosa.

Sua proposta pode ser caracterizada como um "currículo por atividades", no qual o caráter lúdico é o fator determinante da aprendizagem das crianças.

Entende a educação como suporte no processo de apropriação do mundo pelo homem. É um modelo de educação esférica, onde os alunos aprendem em contato com o real, com as coisas em sua volta, com os objetos de aprendizagem. Logo, a Matemática só é entendida quando o sujeito for capaz de estruturar a realidade.

Uma das melhores idéias com que Frobel contribuiu para a Pedagogia moderna foi a de que o ser humano é essencialmente dinâmico e produtivo, e não meramente articulável, receptivo e depositário. O homem é uma força autogeradora e não uma esponja que absorve conhecimento do exterior.

Outro acerto de Fröbel foi o de não esquecer as diferentes etapas que marcam a evolução do homem, especialmente a infância.

Cabe lembrar que sua doutrina pedagógica, em síntese, consiste basicamente na atividade e na liberdade; o homem deve aprender a trabalhar e a produzir, manifestando sua atividade em obras exteriores.

Ligações externas
Revista Nova Escola - Friedrich Froebel: O formador das crianças pequenas
Deutsche Welle - 1852: Morre o criador do jardim-de-infância
Categorias:
Mortos em 1852

Allan Kardec
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Allan_Kardec

Nota: Para o futebolista brasileiro, veja Alan Kardec de Souza Pereira Junior.
Allan Kardec

Allan Kardec, codificador e sistematizador da Doutrina Espírita
Nome completo Hippolyte Léon Denizard Rivail
Conhecido(a) por Codificar, sistematizar e propagar a Doutrina Espírita; propagar o "Método pedagógico de Pestalozzi"
Nascimento 3 de outubro de 1804
Lyon, Ródano-Alpes
França
Morte 31 de março de 1869 (64 anos)
Paris, Ile-de-France
França
Ocupação Pedagogo, professor, escritor,tradutor
Assinatura


Hippolyte Léon Denizard Rivail (Lyon, 3 de outubro de 1804Paris, 31 de março de1869) foi educador, escritor e tradutor francês. Sob o pseudônimo de Allan Kardec,1notabilizou-se como o codificado rnota 1 do Espiritismo (neologismo por ele criado), também denominado de Doutrina Espírita.

Índice
1 Resumo
2 Biografia
2.1 A juventude e a atividade pedagógica
2.2 Das mesas girantes à Codificação
2.3 Os últimos anos
3 Obras
3.1 Obras didáticas
3.2 Diplomas obtidos
3.3 Obras espíritas
4 Citações
5 Notas
6 Referências
7 Bibliografia
8 Ver também
9 Ligações externas
9.1 Livros em domínio público

Resumo

O pseudônimo "Allan Kardec", segundo biografias, foi adotado pelo Prof. Rivail a fim de diferenciar a Codificação Espírita dos seus trabalhos pedagógicos anteriores. Segundo algumas fontes, o pseudônimo foi escolhido pois um espírito revelou-lhe que haviam vivido juntos entre os druídas, na Gália, e que então o Codificador se chamava "Allan Kardec".2

No 4º Congresso Mundial em Paris (2004), o médium brasileiro Divaldo Pereira Franco psicografou uma mensagem atribuída ao espírito de León Denis em francês declarando que Allan Kardec fora a reencarnação de Jan Hus, um reformador religioso doséculo XV. Esta informação já foi dada em diversas fontes diferentes,3 4 5 6 o que está de acordo com o Controle Universal do Ensino dos Espíritos, que Kardec definiu da seguinte forma: "uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos - a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares."7

Biografia
A juventude e a atividade pedagógica


Allan Kardec e sua esposa Amélie Gabrielle Boudet.

Nascido numa antiga família de orientação católica com tradição na magistratura e na advocacia, desde cedo manifestou propensão para o estudo das ciências e da filosofia.

Fez os seus estudos na Escola de Pestalozzi, no Castelo de Zahringenem, em Yverdon-les-Bains, na Suíça (país protestante), tornando-se um dos seus mais distintos discípulos e ativo propagador de seu método, que tão grande influência teve na reforma do ensino na França e naAlemanha. Aos quatorze anos de idade já ensinava aos seus colegas menos adiantados, criando cursos gratuitos para os mesmos. Aos dezoito, bacharelou-se em Ciências e Letras.

Concluídos os seus estudos, o jovem Rivail retornou ao seu país natal. Profundo conhecedor da língua alemã, traduzia para este idioma diferentes obras de educação e de moral, com destaque para as obras de François Fénelon, pelas quais manifestava particular atração. Conhecia a fundo os idiomas francês, alemão, inglês e holandês, além de dominar perfeitamente os idiomas italiano e espanhol.

Era membro de diversas sociedades, entre as quais da Academia Real de Arras, que, em concurso promovido em 1831, premiou-lhe uma memória com o tema "Qual o sistema de estudos mais de harmonia com as necessidades da época?".8

A 6 de fevereiro de 1832 desposou Amélie Gabrielle Boudet. Em 1824, retornou a Paris e publicou um plano para aperfeiçoamento do ensino público. Após o ano de 1834, passou a lecionar, publicando diversas obras sobre educação, e tornou-se membro da Real Academia de Ciências Naturais.9

Como pedagogo, o jovem Rivail dedicou-se à luta para uma maior democratização do ensino público. Entre 1835 e 1840, manteve em sua residência, à rua de Sèvres, cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia10 comparada, Astronomia e outros. Nesse período, preocupado com a didática, criou um engenhoso método de ensinar a contar e um quadro mnemônico da História de França, visando facilitar ao estudante memorizar as datas dos acontecimentos de maior expressão e as descobertas de cada reinado do país.

As matérias que lecionou como pedagogo são: Química, Matemática, Astronomia, Física, Fisiologia, Retórica, Anatomia Comparada e Francês.11


Das mesas girantes à Codificação

Conforme o seu próprio depoimento, publicado em Obras Póstumas, foi em 1854 que o Prof. Rivail ouviu falar pela primeira vez do fenômeno das "mesas girantes", bastante difundido à época, através do seu amigo Fortier, um magnetizador de longa data. Sem dar muita atenção ao relato naquele momento, atribuindo-o somente ao chamado magnetismo animal de que era estudioso, só em maio de1855 sua curiosidade se voltou efetivamente para as mesas, quando começou a frequentar reuniões em que tais fenômenos se produziam.

Durante este período, também tomou conhecimento do fenômeno da escrita mediúnica - ou psicografia, e assim passou a se comunicar com os espíritos. Um desses espíritos, conhecido como um "espírito familiar", passa a orientar os seus trabalhos. Mais tarde, este espírito iria lhe informar que já o conhecia no tempo das Gálias, com o nome de Allan Kardec. Assim, Rivail passa a adotar este pseudônimo, sob o qual publicou as obras que sintetizam as leis da Doutrina Espírita.9

Convencendo-se de que o movimento e as respostas complexas das mesas deviam-se à intervenção de espíritos, Kardec dedicou-se à estruturação de uma proposta de compreensão da realidade baseada na necessidade de integração entre os conhecimentos científico, filosófico e moral, com o objetivo de lançar sobre o real um olhar que não negligenciasse nem o imperativo da investigação empírica na construção do conhecimento, nem a dimensão espiritual e interior do Homem.

Tendo iniciado a publicação das obras da Codificação em 18 de abril de 1857, quando veio à luz  O Livro dos Espíritos, considerado como o marco de fundação do Espiritismo, após o lançamento da Revista Espírita (1 de janeiro de 1858), fundou, nesse mesmo ano, a primeira sociedade espírita regularmente constituída, com o nome de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

Os últimos anos

Túmulo de Allan Kardec em Paris.

Kardec passou os anos finais da sua vida dedicado à divulgação do Espiritismo entre os diversos simpatizantes, e defendê-lo dos opositores através da Revista Espírita Ou Jornal de Estudos Psicológicos. Faleceu em Paris, a 31 de março de 1869, aos 64 anos de idade,12 em decorrência da ruptura de um aneurisma, quando trabalhava numa obra sobre as relações entre o Magnetismo e o Espiritismo, ao mesmo tempo em que se preparava para uma mudança de local de trabalho. Está sepultado no Cemitério do Père-Lachaise, uma célebre necrópole da capital francesa. Junto ao túmulo, erguido como os dólmens druídicos. Acima de sua tumba, seu lema: "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei", em francês.

Em seu sepultamento, seu amigo, o astrônomo francês Camille Flammarion proferiu o seguinte discurso, ressaltando a sua admiração por aquele que ali baixava ao túmulo:13
“ Voltaste a esse mundo donde viemos e colhes o fruto de teus estudos terrestres. Aos nossos pés dorme o teu envoltório, extinguiu-se o teu cérebro, fecharam-se-te os olhos para não mais se abrirem, não mais ouvida será a tua palavra… Sabemos que todos havemos de mergulhar nesse mesmo último sono, de volver a essa mesma inércia, a esse mesmo pó. Mas, não é nesse envoltório que pomos a nossa glória e a nossa esperança. Tomba o corpo, a alma permanece e retorna ao Espaço. Encontrar-nos-emos num mundo melhor e no céu imenso onde usaremos das nossas mais preciosas faculdades, onde continuaremos os estudos para cujo desenvolvimento a Terra é teatro por demais acanhado. (…) Até à vista, meu caro Allan Kardec, até à vista! ”

—Camille Flammarion


Sobre Kardec, o engenheiro Gabriel Delanne escreveu:14

Substituindo a fé cega numa vida futura, pela inquebrantável certeza, resultante de constatações científicas, tal é o inestimável serviço prestado por Allan Kardec à humanidade. ”
—Gabriel Delanne

Obras
Obras didáticas

Página de seu livro "Plano Proposto para a Melhoria da Instrução Pública" (1828).

O professor Rivail escreveu diversos livros pedagógicos, dentre os quais destacam-se:15
1824 - Curso prático e teórico de Aritmética, segundo o método de Pestalozzi, para uso dos professores e mães de família, com modificações - 2 tomos
1828 - Plano Proposto Para a Melhoria da Instrução Pública (coroado pela Academia Real de Arras)
1831 - Gramática Francesa Clássica
1831 - Qual o sistema de estudo mais consentâneo com as necessidades da época?.
1846 - Manual dos exames para os títulos de capacidade: soluções racionais de questões e problemas de Aritmética e de Geometria
1848 - Catecismo gramatical da Língua Francesa
1849 - Programa dos Cursos ordinários de Química, Física, Astronomia, Fisiologia
1849 - Ditados normais dos exames da Municipalidade e da Sorbona
1849 - Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas

Diplomas obtidos

Lista dos principais diplomas obtidos por Denizard Rivail durante a sua carreira de professor e diretor de colégio:11
Diploma de fundador da Sociedade de Previdência dos Diretores de Colégios e Internatos de Paris - 1829
Diploma da Sociedade para a Instrução Elementar - 1847. Secretário geral: H. Carnot.
Diploma do Instituto de Línguas, fundado em 1837. Presidente: Conde Le Peletier-Jaunay.
Diploma da Sociedade de Educação Nacional, constituída pelos diretores de Colégios e de Internatos da França - 1835. Presidente: Geoffroy de Saint-Hilaire.
Diploma da Sociedade Gramatical, fundada em Paris em 1807, por Urbain Domergue - 1829.
Diploma da Sociedade de Emulação e de Agricultura do Departamento do Ain - 1828 (Rivail fora designado para expor e apresentar em França o método de Pestalozzi).
Diploma do Instituto Histórico, fundado em 24 de Dezembro de 1833 e organizado a 6 de Abril de 1834. Presidente: Michaud, membro da academia francesa.
Diploma da Sociedade Francesa de Estatística Universal, fundada em Paris, em 22 de Novembro de 1820, por César Moreau.
Diploma da Sociedade de Incentivo à Indústria Nacional, fundada por Jomard, membro do Instituto.
Medalha de ouro, 1º prêmio, conferida pela Sociedade Real de Arrás, no concurso realizado em 1831, sobre educação e ensino.


Contracapa da versão de 1860 d'O Livro dos Espíritos, a principal obra publicada por Kardec.
Obras espíritas

As cinco obras fundamentais que versam sobre o Espiritismo, sob o pseudônimo Allan Kardec, são:
O Livro dos Espíritos, Princípios da Doutrina Espírita, publicado em 18 de abril de 1857;
O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores, em janeiro de 1861;
O Evangelho segundo o Espiritismo, em abril de 1864;
O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo, em agosto de 1865;
A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo, em janeiro de 1868.

Além delas, como Kardec, publicou mais cinco obras complementares:
Revista Espírita (periódico de estudos psicológicos), publicada mensalmente de 1 de janeiro de 1858 a 1869;
O que é o Espiritismo? (resumo sob a forma de perguntas e respostas), em 1859;
Instrução prática sobre as manifestações espíritas (substituída pelo Livro dos Médiuns; publicada no Brasil pela editora O Pensamento)
O Espiritismo em sua expressão mais simples, em 1862;
Viagem Espírita de 1862 (publicada no Brasil pela editora O Clarim).

Após o seu falecimento, viria à luz:
Obras Póstumas, em 1890.

Outras obras menos conhecidas foram também publicadas no Brasil:
O Principiante Espírita (pela editora O Pensamento)
A Obsessão (pela editora O Clarim)
Citações

Busto de Allan Kardec em Lyon.

Selo dos Correios em homenagem ao centenário de seu falecimento (1969).
"A Doutrina Espírita transforma completamente a perspectiva do futuro. A vida futura deixa de ser uma hipótese para ser realidade. O estado das almas depois da morte não é mais um sistema, porém o resultado da observação. Ergueu-se o véu; o mundo espiritual aparece-nos na plenitude de sua realidade prática; não foram os homens que o descobriram pelo esforço de uma concepção engenhosa, são os próprios habitantes desse mundo que nos vêm descrever a sua situação."16
"Como meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma forma que as ciências positivas, aplicando o método experimental. Fatos novos se apresentam, que não podem ser explicados pelas leis conhecidas; ele os observa, compara, analisa e, remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege; depois, deduz-lhes as consequências e busca as aplicações úteis. Não estabeleceu nenhuma teoria preconcebida; assim, não apresentou como hipóteses a existência e a intervenção dos Espíritos, nem o perispírito, nem a reencarnação, nem qualquer dos princípios da doutrina; concluiu pela existência dos Espíritos, quando essa existência ressaltou evidente da observação dos fatos, procedendo de igual maneira quanto aos outros princípios. Não foram os fatos que vieram a posteriori confirmar a teoria: a teoria é que veio subsequentemente explicar e resumir os fatos. É, pois, rigorosamente exato dizer-se que o Espiritismo é uma ciência de observação e não produto da imaginação. As ciências só fizeram progressos importantes depois que seus estudos se basearam sobre o método experimental; até então, acreditou-se que esse método também só era aplicável à matéria, ao passo que o é também às coisas metafísicas."17
"(…) o Espiritismo, restituindo ao Espírito o seu verdadeiro papel na criação, constatando a superioridade da inteligência sobre a matéria, apaga naturalmente todas as distinções estabelecidas entre os homens segundo as vantagens corpóreas e mundanas, sobre as quais o orgulho fundou castas e os estúpidos preconceitos de cor. O Espiritismo, alargando o círculo da família pela pluralidade das existências, estabelece entre os homens uma fraternidade mais racional do que aquela que não tem por base senão os frágeis laços da matéria, porque esses laços são perecíveis, ao passo que os do Espírito são eternos. Esses laços, uma vez bem compreendidos, influirão pela força das coisas, sobre as relações sociais, e mais tarde sobre a Legislação social, que tomará por base as leis imutáveis do amor e da caridade; então ver-se-á desaparecerem essa anomalias que chocam os homens de bom senso, como as leis da Idade Média chocam os homens de hoje…"18
Notas

Diz-se codificador pois o seu trabalho foi o de reunir, compilar e sistematizar textos recebidos por diversos médiuns naquela época

Referências

PENSE - Allan Kardec. Viasantos.com.
 Esboço biográfico e curiosidades. Espirito.org.br.
 Mensagem através da psicografia da médium Ermance Dufaux (uma das médiuns de Kardec) em 1857. Esta mensagem foi encontrada na livraria Leymarie, na França, porCanuto de Abreu. Esta informação consta no livro A missão de Allan Kardec, de Carlos Imbassahy
Holocausto Pela Verdade, palestra de Divaldo Pereira Franco (em DVD)
 Os Luminares Tchecos", obra da médium Wera Krijanowskaia, pelo espírito de J.W. Rochester
João Huss na História do Espiritismo, artigo de Wallace Leal V. Rodrigues, publicado no Anuário Espírita de 1973 (órgão do Instituto de Difusão Espírita (IDE), Ano X, N º 10, Araras, SP, pág. 75 –85)
 Allan Kardec. Revista Espírita - Abril de 1864 e em O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução, item II
 Textos - Allan Kardec. Espirito.org.br.
 Encyclopædia Britannica, 1997. Vol.8. p.390
 Algumas fontes não confirmadas dizem que Allan Kardec teria sido médico. Pesquisas posteriores, no entanto demonstraram que ele foi professor de Anatomia. Retirado do rodapé desta página da FEB: [1]
SOARES, p. 13
 Dados pessoais. Feal.com.br.
 KARDEC, Allan. Obras Póstumas (14ª edição). Rio de Janeiro: FEB, 1975. p. 30
Carta de Delanne publicada na Revista Espírita em 1907. Disponível em Autores Espíritas Clássicos. Gabriel Delanne - sua vida, seu apostolado e sua obra (.doc). Paul Bodier e Henri Regnault. Página visitada em 03/04/2010. Ver em HTML.
 SOARES, p. 14
 O Céu e o Inferno, Primeira Parte, cap. 2
 A Gênese, Capítulo I, item 14
Revista Espírita 1861, pág. 297-298
Bibliografia
ABREU FILHO, Júlio. Biografia de Allan Kardec. in: O Principiante Espírita. São Paulo: O Pensamento, 1956. p. 7-30.
CARNEIRO, Victor Ribas. ABC do Espiritismo (5ª edição). Curitiba (PR): Federação Espírita do Paraná, 1996. 223p. ISBN 85-7365-001-X p. 47-51.
INCONTRI, Dora. Para Entender Allan Kardec. São Paulo: Lachâtre, 2004.
INCONTRI, Dora. Pedagogia Espírita, um Projeto Brasileiro e suas Raízes. Bragança Paulista (SP): Comenius, 2004.
JORGE, José. Allan Kardec no pensamento de Léon Denis. Rio de Janeiro: Centro Espírita Léon Denis/Departamento Editorial, 1978. 48p.
GODOY, Paulo Alves; LUCENA, Antônio. Personagens do Espiritismo (2ª ed.). São Paulo: Edições FEESP, 1990.
RIZZINI, Jorge. Kardec, Irmãs Fox e Outros. Capivari (SP): Editora EME, 1994. 194p. ISBN 8573531517
SAUSSE, Henri. Biografia de Allan Kardec. in: O que é o espiritismo (38ª edição). Rio de Janeiro: FEB, 1997. ISBN 8573281138p. 9-48
SOARES, Sylvio Brito. Grandes Vultos da Humanidade e o Espiritismo. 1ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1961.
WANTUIL, Indio, THIESEN, Francisco. Allan Kardec – o Educador e o Codificador. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
GUÉNON, René. L'Erreur Spirite (O Erro Espírita). Paris, 1923.
s.a.. Revista Espírita, maio de 1869. in: KARDEC, Allan. Obras Póstumas (14ª edição). Rio de Janeiro: FEB, 1975.
Ver também
Doutrina Espírita
Obras Básicas do espiritismo
Allan Kardec de A a Z - Temário da Obra Kardequiana: http://temariokardec.blogspot.com.br/
Ligações externas
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Livros em domínio público
Allan Kardec. O Livro dos Espíritos (PDF) (em português). Dominiopublico.gov.br.
Allan Kardec. O Livro dos Médiuns (PDF) (em português). Dominiopublico.gov.br.
Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo (PDF) (em português). Dominiopublico.gov.br.
Allan Kardec. O Céu e o Inferno (PDF) (em português). Dominiopublico.gov.br.
Allan Kardec. A Gênese (PDF) (em português). Dominiopublico.gov.br.

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