Capítulo 34: Guarulhos da Minha Infância – A Poeira e o Progresso

Capítulo 34: Guarulhos da Minha Infância – A Poeira e o Progresso
Capítulo 34: Guarulhos da Minha Infância – A Poeira e o Progresso dezembro 11, 2025 Se a escola e a mão esquerda "errada" moldaram minha disciplina interna, foi a cidade de Guarulhos que moldou meu cenário externo3. Hoje, quem pousa em Cumbica vê uma metrópole de concreto e asfalto, mas a Guarulhos que habita minha memória tem a cor da terra vermelha. Eu cresci junto com a cidade. Éramos ambos "projetos em construção". Lembro-me vividamente das ruas de terra batida, onde o progresso chegava levantando poeira. Não havia o trânsito caótico de hoje; havia espaço. Espaço para correr, para imaginar e para ver o horizonte. A vida social e educacional girava em torno de instituições que eram verdadeiros templos do saber, como o Ginásio Estadual Conselheiro Crispiniano e o lendário Ginásio Fioravante4. O Fioravante não era apenas uma escola; era o palco onde a juventude guarulhense se encontrava. Ali, entre uniformes engomados e a rigidez do ensino da época, formaram-se as amizades que durariam uma vida. Guarulhos nos anos 60 e 70 tinha uma dualidade curiosa. Estava perto o suficiente de São Paulo para sentirmos a vibração da capital, mas longe o suficiente para mantermos aquela inocência de interior5. Era o tempo em que se conhecia o vizinho pelo nome e o leiteiro deixava a garrafa na porta. Minha transição da infância para a juventude 6 aconteceu nessas ruas. Vi a chegada das indústrias, a pavimentação cobrindo meus campos de futebol de várzea e os prédios subindo onde antes havia apenas o céu. Às vezes, sinto saudade daquela poeira vermelha que sujava os sapatos. Ela era a prova de que estávamos, literalmente, com os pés no chão, construindo o futuro passo a passo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como ler a mão

Rede em apartamento com parede de alvenaria estrutural, pode?

As 12 reencarnacoes de Emmanuel