Ofensiva aerea francesa avanca no Mali














Foto: Reuters International - Avião Mirrage 2000

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2013-01-13/ofensiva-aerea-francesa-avanca-no-mali.html


Ofensiva aérea francesa avança no Mali

Bombardeio mais intenso deste domingo ocorreu na cidade de Gao, na região nordeste. Esse foi o terceiro dia de ataques franceses no Mali

BBC Brasil 

BBC
Aviões de guerra franceses intensificaram a ofensiva no Mali bombardeando cidades no coração do território rebelde, no norte do país. O ataque mais intenso ocorreu na cidade de Gao, na região nordeste. Mas segundo milícias islâmicas, também houve bombardeios nas cidades de Konna, Douentza e Lere.

Reuters
Morador de Bamako usa uma bandeira francesa para mostrar seu apoio à intervenção militar francesa em Mali
A intervenção francesa no Mali começou na última sexta-feira . Ela foi deflagrada depois que milícias islâmicas, que controlam o norte do Mali, iniciaram uma ofensiva em direção ao sul.
A França afirma que seu objetivo é impedir os rebeldes de controlar todo o país. O premiê francês Laurent Fabius disse no terceiro dia de intervenção que o avanço militar islâmico foi contido.
O Ministério da Defesa francês afirmou que neste domingo que caças Rafale destruíram bases militares, campos de treinamento militar e infraestrutura, entre outros alvos em Gao.
A cidade fica a 500 quilômetros a nordeste da linha que separa de fato o norte e o sul do país. Ela é considerada um dos principais bastiões rebeldes.
Segundo testemunhas, parte dos milicianos teria abandonado a cidade após o início dos bombardeios. O governo francês disse que os militantes islâmicos sofreram "pesadas baixas".
Os aviões de caça têm partido de aeroportos militares na França e retornado para lá após cada ataque.
A França recebeu autorização da Argélia para que suas aeronaves sobrevoem "sem limites" seu território em missões de ataque contra o norte do Mali.
Segundo o correspondente da BBC na África, Andrew Harding, os bombardeios fazem parte da preparação do terreno para uma ofensiva muito maior, com massiva participação de tropas terrestres.
Temendo atentados em represália em seu próprio país, o governo francês determinou reforços em edifícios públicos e sistemas de transporte.

Campanhas militares
Reuters
Jovens caminham em local de incêndio em mercado de Ngolonina, em Bamako, Mali
A iniciativa francesa de intervir no Mali pegou a comunidade internacional de surpresa. Colônia da França até 1960, o Mali teve seu governo derrubado em março de 2012 em um golpe de Estado. Milícias islâmicas e tradicionais rebeldes Tuaregs secularistas se uniram e aproveitaram a turbulência política para conquistar todo o norte do país.
Sob pressão, os líderes golpistas tentaram algumas vezes passar o governo a civis, mas não conseguiram estabilizar o país. Em agosto, um novo governo de unidade prometeu lançar iniciativas para acabar com a instabilidade na região norte.
Combatentes da milícia islâmica "Movimento por Unidade e Jihad" expandiram seu controle na região, tomando cidades estratégicas, como Douentza, em um movimento em direção ao sul. Eles teriam ainda se voltado contra os antigos aliados Tuaregs e arrebatado sua capital Gao. As potências ocidentais acusam as milícias islâmicas de ligação com a rede extremista Al-Qaeda.
Em dezembro do ano passado, o Conselho de Segurança da ONU deliberou pela instituição de uma missão de paz multilateral de capítulo 7 para retomar o norte do país. Ela seria liderada por países africanos, mas começaria somente em setembro de 2013.
A retomada do avanço rebelde em direção ao sul culminou com a tomada da cidade de Konna, o principal ponto de ligação entre o norte e o sul do país, na quinta-feira.
A reação do presidente francês François Hollande foi ordenar o início da intervenção, com apoio do governo malinês.
Entre quinta e sexta-feira, as tropas do governo, apoiadas pelo poderio aéreo francês e forças especiais em terra, conseguiram entrar em Konna e recapturá-la. Segundo o governo na França, a ofensiva não tem data para acabar.
Tropas
Uma fonte anônima da Presidência francesa disse no domingo à France Presse que as Forças Armadas do país foram surpreendidas pela capacidade de resistência dos rebeldes islâmicos.
"O que nos surpreendeu foi o uso de armamentos avançados e o bom treinamento que eles (rebeldes) tiveram para usá-los".
"No começo pensamos que eles seriam um bando de homens com armas dirigindo suas picapes, mas a realidade é que eles são bem treinados, bem equipados e armados".
A França tem aproximadamente 550 militares baseados na cidade de Mopti e na capital Bamako. Eles devem receber em breve reforços de cerca de 2.000 homens do Níger, Burkina Faso, Nigéria e Togo - além da presença do Exército malinês (uma força considerada pouco treinada).
O chegada de reforços é resultado de uma iniciativa diplomática francesa para obter mais apoio internacional. Os Estados Unidos afirmaram estar enviando equipamentos e sistemas de comunicação.
A Grã-Bretanha anunciou que colaborará com transporte estratégico, mas não envolverá suas tropas diretamente no conflito. "Não há planos para ampliar o envolvimento militar da Grã-Bretanha no momento", disse Mark Simmonds, ministro britânico para a África.
Neste domingo um avião britânico C17, com alta capacidade de transporte de carga, decolou da França levando veículos blindados para o Mali. Ao menos outra aeronave cumpriria missão semelhante.
Baixas
Desde o início da campanha militar, 11 soldados malineses e um piloto de helicóptero francês foram mortos. Um oficial malinês disse no sábado que ao menos 100 militantes islâmicos teriam sido abatidos.
A organização internacional Human Rights Watch afirmou que ao menos 10 civis - incluindo três crianças - foram assassinadas nos combates em Konna Ao menos um outro militar francês de uma equipe de forças especiais morreu em uma ação na Somália supostamente relacionada à campanha no Mali.
Comandos tentaram resgatar um espião francês refém da milícia al-Shabab desde 2009. A incursão foi frustrada pela milícia. O governo de Hollande disse que 17 milicianos, o refém e dois militares morreram.
Um porta-voz da al-Shabab desmentiu a informação dizendo que o refém permanece vivo sob seu poder, assim como um dos militares dado como morto pela França.

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