Capítulo 50 - O Terno Branco e a Água da Promessa – Meu Batismo Mórmon

Capítulo 50 - O Terno Branco e a Água da Promessa – Meu Batismo Mórmon
A busca pela ordem e a eternidade da família. Minha jornada espiritual sempre foi marcada por uma curiosidade inquieta. Fui da física quântica à quiromancia, dos templos indianos cheios de cores e cheiros à sobriedade da engenharia. Mas houve um momento em que minha alma não pediu expansão; pediu estrutura. Pediu uma resposta clara sobre o que acontece com as famílias depois desta vida. Foi assim que encontrei — ou fui encontrado por — A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, os Mórmons. O primeiro contato geralmente acontece com dois jovens de camisa branca, gravata e um crachá preto, caminhando sob o sol quente com uma determinação invejável. Para mim, acostumado à disciplina da Siemens e ao respeito pela hierarquia, aquela postura dos "Elders" me chamou a atenção. Havia ali uma ordem, uma educação e uma certeza que eram magnéticas. O que me conquistou na doutrina deles não foi apenas a teologia, mas a Lógica da Eternidade. Como engenheiro, sempre tive dificuldade em aceitar pontas soltas. E a maior ponta solta da existência humana é a morte. A doutrina mórmon me apresentou o conceito de que “as famílias poderão ser eternas”. Não apenas "até que a morte os separe", mas para sempre. Para um homem que valoriza tanto suas raízes húngaras, sua esposa Tininha e seus filhos, essa promessa soou como a equação perfeita. Lembro-me do dia do meu batismo. Tudo é branco. A roupa branca simboliza a pureza absoluta, o zerar do cronômetro. Entrar na pia batismal é um ato de humildade pública. Quando fui imerso na água e levantei, senti uma leveza física. Era como se, por um momento, toda a complexidade do mundo, todos os "circuitos queimados" da vida, tivessem sido reiniciados. Mas o grande legado dessa fase na minha vida foi a Genealogia. Os mórmons são os guardiões da história familiar do mundo. Eles acreditam que precisamos conectar as gerações passadas às futuras. Isso validou profundamente a minha pesquisa sobre a nobreza húngara, sobre os Purgly, sobre meus antepassados. Percebi que minha obsessão por documentos e histórias antigas não era apenas um hobby; era uma missão espiritual. Embora minha caminhada tenha me levado a explorar outras vertentes e a me tornar um terapeuta holístico universalista, guardo um respeito profundo por aquele batismo. Ele me ensinou que a fé também precisa de organização. Ensinou-me que o corpo é um templo (algo que tento lembrar mesmo quando exagero no beigli de Natal) e, acima de tudo, reforçou a minha certeza de que os laços que construí com a Tininha e com meus pais não foram desfeitos pela morte. Eles apenas mudaram de frequência. O batismo mórmon foi um pilar de sustentação em um momento em que eu precisava de chão firme. E, na grande arquitetura da minha vida, esse pilar continua lá, sustentando a minha esperança de reencontro.

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