A Ostra e o Grao de Areia
A OSTRA E O GRÃO DE
AREIA
Não
é uma fábula e sim apenas um conto fictício. E não vamos começar como a
expressão “era uma vez...”, até porque nos dias atuais, esta expressão está bem
desatualizada. Nesta estória, vamos falar de uma Ostra e de um Grão de Areia.
A
Ostra, majestosa que vivia num fundo do mar, era romântico, sonhador, honesto,
gostava das coisas certas, corretas, honestas.
Mas
se escondia, não deixava ninguém penetrar dentro de sua crosta, e assim não
produzia o que é de mais valioso e raro - a pérola, uma joia valiosa e rara,
tinha medo de se machucar, porque já havia sido machucado certa vez.
Pois
bem sabemos, que para que se produza uma linda e valiosa pérola, tem que haver
a entrada de substâncias estranhas a ela, para a formação desta joia fabulosa,
normalmente são grãos de areia que penetram e começam a transformação ou
formação desta joia.
Mas,
esta Ostra, não aceitava, preferia ficar triste, sozinho, sem ninguém, apenas
ajudando as pessoas, sendo prestativo, atencioso, sem, contudo receber carinho,
amor, respeito, o que lhe era devido.
E
a vida se prosseguia, os anos se passaram, sua crosta ficou com camadas mais
grossas, mais duras, mais impenetráveis, e continuava sozinho, num mundo só
dele, onde a solidão era sua parceira, sendo impecável perante as demais
Ostras.
No
entanto, esta Ostra vivia num fundo do mar, repleto de Areia, bilhões de Grãos
de Areias e num dado momento, diante destes bilhões de Grãos de Areias, um
destes Grãos, olhou com olhos diferentes para esta Ostra.
Este
Grão não se achava páreo para esta Ostra, como uma Ostra daquela iria olhar
para aquele Grão de Areia pequenino, tão insignificante diante dos demais, no
entanto, o seu coração se derreteu por aquela Ostra.
Este
Grão de Areia já havia desistido de amar novamente, sempre lutou bravamente
para conseguir o seu espaço entre a multidão destas Areias. Perdeu muitas das
vezes a fé em si mesmo e nestas Areias que o traíram dizendo serem seus amigos,
foi criticado, ganhando fama de briguento.
No
entanto, este mesmo Grão de Areia também era uma ostra que se escondia e era
minúsculo, não fazendo diferença se ali estava ou não.
Este
Grão de Areia, apesar de todas as dificuldades que enfrentou diante de toda a
adversidade constante, resolveu que ninguém iria mais fazer perdê-lo a sua fé
em seus sonhos, nem as Areias advindas do Norte, Sul, Leste ou Oeste e nem as
demais Ostras independente do tamanho que for.
Diante
do olhar diferente para a Ostra, este Grão de Areia que em seu coração derretia
ao olhá-la, num primeiro momento ficou triste, porque não tinha como se
aproximar, impossível, tão pequenino não iria ser visto por ela.
Começou
a analisar a Ostra e percebeu que dentro de sua crosta, tão grossa, tão
compenetrada, havia um vazio, não havia uma pérola.
E,
passou a pensar, como se aproximar?, como ser visto?, como?? como?? passou
horas e horas sem dormir, transformando em semanas e meses, sem nenhuma
solução.
Tentou
todos os meios para conseguir se aproximar e nada de ser vista pela Ostra. Era
impenetrável a sua crosta, não havia abertura, por uns momentos quase desistiu,
mas algo o empurrava a lutar por aquela Ostra.
Sem
saber por onde e como, mas uma força maior e mais forte o impulsionava a querer
se aproximar.
Num
belo dia, resolveu tomar uma drástica decisão.
Sabia
que sua decisão poderia ter uma resposta negativa, mesmo pequenino e cheio de
autoconfiança chegou à Ostra e falou: Ostra, gosto de você, preciso de você e
você de mim!
Tamanha
foi à surpresa da Ostra, pois não esperava a audácia deste insignificante Grão
de Areia, como um ser deste, pode vir até a mim e falar assim comigo!!
Mas
o Grão de Areia percebeu que através daquela fachada dura, metódica, ainda
existia aquele ser romântico, sonhador, carente que necessitava produzir a sua
pérola que lhe foi roubada num passado distante.
E
para a surpresa do Grão de Areia não foi repelido, foi dada uma abertura em sua
crosta, o deixando muito feliz e com a esperança de conseguir alcançar o seu
interior e produzir o que é mais valioso: a Pérola, que nada mais é do que o Amor.
(Autora: Flávia Bellotti)
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